Primeiro estagiário com deficiência visual se despede do MPT-RJ

Melhym Quemel atuou durante dois anos no Ministério Público do Trabalho

O recém bacharel em Direito, Melhym Quemel se despediu no mês de março de seu estágio no Ministério Público do Trabalho e, em um depoimento marcante, contou como sua experiência na Procuradoria do Trabalho no Município de Cabo Frio contribuiu para seu desenvolvimento acadêmico e pessoal.

Melhym, que é deficiente visual com 100% de perda em ambos os olhos decorrente de um acidente de carro, declarou que nada o limita de ter grandes realizações em sua vida. “A partir de uma situação muito ruim, ter perdido a visão, consegui dar a volta e hoje me sinto muito mais capacitado que antes, quando tinha visão normal. Devido às obrigações impostas pelo ofício, não havia a menor possibilidade de estudar, e hoje, tenho todo o tempo do mundo, e estou usando justamente para estudar”, declara o estudante. Melhym venceu a Olimpíada do Conhecimento do Pará em 2014, para deficientes visuais e também na categoria geral.

Ele conta que chegou no MPT em Cabo Frio em outubro de 2020, depois de ser transferido do MPT no Pará e Amapá, onde ficava lotado no Gabinete do 13º Ofício, em Belém. “Uma situação inusitada, foi o fato de conseguir uma transferência da para a PRT-1. Meu processo seletivo foi aproveitado, segundo as razões que expus ao peticionar nesse sentido, o que foi deferido”, afirma Melhym.

Ainda em sua despedida ele se mostra grato ao MPT-RJ pela oportunidade única de estágio e conta que ficou muito inspirado com as palestras realizadas no decorrer de 2020 e assim candidatou-se a vaga de mestrado em Direito na UNESA, onde foi aprovado e em sua pesquisa irá abordar a precarização das relações de trabalho em face das novas tecnologias.

“Sempre que se fala em Justiça surge no nosso imaginário a figura de uma mulher com os olhos vendados, carregando em uma de suas mãos a balança e em outra a espada. A venda tem como função básica evitar privilégios na aplicação da justiça, sendo a balança o instrumento que pesa o direito que cabe a cada uma das partes e a espada item indispensável para defender os valores daquilo que é justo e assim como a Justiça, sou cego, mas não tolo”, finaliza Melhym.

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